Pequeno Manual de Sobrevivência: Coluna do Cientista Social – Leandro Lima

Pequeno Manual de Sobrevivência: Coluna do Cientista Social – Leandro Lima

São nos momentos mais difíceis que surgem os mitos, bons ou ruins. Esses possuem uma função importante na formação de uma sociedade, mas para entendê-los é preciso colocar as ideias em ordem.

Cuidado com o mito que ele te pega. E pega daqui e pega lá. E o assunto não é sobre o Bolsonaro, aliás, é sobre ele também, visto que a mitologia não é um fenômeno de um só partido ou crença. Quando se está imerso numa cortina de fumaça, quem abre seus olhos e o faz enxergar o caminho, por meio da estrada de tijolos amarelos, se torna um verdadeiro herói. Mas já aprendemos nos gibis desde cedo, todo herói tem seu ponto fraco. É então que começa uma verdadeira busca pelo Calcanhar de Aquiles da figura mitológica, até que possa ser disparada como um míssil pela instantaneidade das redes sociais. Aí já não interessa se é verdadeiro ou falso o fato, uma postagem feita é como uma flecha lançada, não volta atrás. E olha que a tecnologia permite apagar, mas os prints não permitam que se perca.

Fato é que os mitos se criam principalmente em momentos de dificuldade e quando são concebidos pela sociedade e aclamados por ela, esta ligeiramente esquece que o tal mito, como qualquer outro ser humano, é dotado dos sete pecados capitais: soberba, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça. O que varia é a frequência que as figuras mitológicas acessam os tais pecados. Quando menos se espera, a cortina de fumaça já retornou, até que apareça outro notável que responderá prontamente à pergunta: quem poderá nos defender?

Não é desejoso e nem necessário acabar com os mitos, eles existirão de forma irrestrita e independente, além de cumprirem uma função importante em qualquer sociedade, a de unir os iguais em prol de interesses comuns. Mas de fato é preciso compreendê-los em seu real significado e tomar ciência que os mitos têm prazo de validade até que se eternizam. Afinal, não tem ser humano vivo que aguente tanta crença, quando morre fica mais fácil: morreu, mas era tão bom!

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